Hello avid learner,

A Elba que vês hoje, que fala inglês fluentemente, que dá aulas de inglês geral, de preparação para entrevistas e exames de proficiência da Cambridge nem sempre foi fã da língua inglesa. Por isso, decidi partilhar contigo um pouco da minha história de aprendizagem – pode ser que te sirva de inspiração.

Porque não caberia tudo num artigo, o que vais ler é uma seleção de parte das experiências que vivi.

Escolas Básica e Secundária

O meu contacto formal com o inglês começou na escola básica, no final dos anos 90, em Luanda – minha cidade natal. As minhas aulas favoritas eram as que aconteciam numa sala/laboratório que, nesses dias, usávamos como cinema para assistirmos filmes em inglês. Não tenho memória exata da duração dessas aulas, mas duravam pelo menos uma hora. Infelizmente, essas aulas eram pouco frequentes. A maior parte das vezes tínhamos aulas em sala de aula normal. E dessas, eu já não gostava tanto… Havia dias em que, voluntariamente ou escolhida a dedo, eu precisava de falar em inglês com um ou mais colegas para praticar. E isso deixava-me muito ansiosa. Lembro-me de ter pensamentos como: “Como é que vou fazer isso?! Vão se rir de mim. É muito difícil.”

À medida que o tempo foi passando, a ansiedade aumentou e o medo também e, cada vez mais, fui detestando o idioma. Até que tive a ideia de começar a usar um site brasileiro para praticar a letra das minhas músicas favoritas. E isso começou pela dificuldade que eu tinha de perceber o que diziam essas letras. Às vezes eu escrevia o que ouvia e pedia a um amigo meu da escola para traduzir – escusado será dizer que ele não entendia nada… por razões óbvias! E cada vez que me lembro disso, não consigo deixar de pensar no quão desesperado ele se devia sentir de cada vez que lhe atribuía essa tarefa.

Apesar de usar o site para ler a letra em inglês e ao mesmo tempo a tradução, eu não notava progresso quase nenhum, mesmo depois de muito tempo a fazer isso consistentemente. Pelo menos aprendia a letra das músicas que gostava, reconhecia com mais facilidade palavras e frases que ouvia repetidamente, mas só isso não era suficiente para que eu conseguisse compreender e falar inglês. Entretanto passaram-se uns cinco anos.

Universidade Angola

E uma nova fase académica começou. Com ela vieram muitas mudanças, novas responsabilidades e menos tempo para o inglês. Na verdade, isso era o que dizia a mim mesma e pelo facto de que já não tinha a obrigação de estudar inglês, porque não fazia parte da oferta curricular, fui-me distanciando cada vez mais dele. Essa fase durou três anos, foi interrompida e recomeçou em Portugal.

Universidade Portugal

Comecei o ano atrasada dois meses. Tive que correr contra o tempo “para não perder o barco” e adaptar-me à um ensino a que não estava habituada. Foi rijo! Mas nessa altura voltei a ter contacto com o inglês porque era uma das disciplinas de primeiro ano do meu curso. E como diríamos na minha terra – lê com sotaque – “vi um inglês doutros tipos!” e “tinha que passar nesse mambo”. Estudei, aliás marrei mesmo e consegui passar rés-vez.

Entretanto, e porque boa parte da bibliografia que precisava de consultar era em inglês, comecei, paralelamente, a fazer aulas de inglês em grupo, duas vezes por semana. E isso ajudou um pouco. Mas cheguei a um ponto em que já não via progresso. Era sempre a mesma coisa, tudo “by the book” e, a dada altura, comecei a sentir que tinha de fazer um esforço muito grande para não faltar às aulas. Essa fase durou quase três anos. Entretanto as exigências académicas tornaram-se maiores e o inglês fazia parte de cada uma delas mas a minha insegurança era muito grande e apesar de nessa altura já ter um bom conhecimento da língua, usá-la para me comunicar era um desafio que eu não conseguia superar.

Foi então que em 2010 decidi e tive a grande sorte de poder fazer um curso intensivo de verão em três meses, na Inglaterra, para melhorar o meu inglês, a ver se de uma vez por todas eu conseguia pelo menos comunicar-me fluentemente e sem medos. Fiz as malas e segui. Foi uma experiência difícil mas que me tornou mais forte. Saí da minha “zona de conforto”, para ir morar num país que desconhecia e exigia que me readaptasse, mais uma vez. Durante semanas chorei com saudades da família, dos amigos, do bom tempo, da comida, de casa…

Mas o tempo passou, aprendi horrores, fiz novos amigos, revi amigos antigos, viajei e entretanto comecei a falar. Não tive outra hipótese. Eu tinha aulas e atividades curriculares o dia inteiro e fora da escola, por onde quer que fosse tinha que me comunicar em inglês. Aproveitava quando não estava nas aulas nem a fazer trabalhos de casa para aprender mais, sobre coisas que me interessavam e inevitavelmente comecei a gostar mais do inglês. E para maximizar o meu contacto com a língua, até para os meus amigos que falavam português eu escrevia e falava em inglês. Percebi que não podia ficar só à espera que as oportunidades me batessem à porta… precisava de criá-las também.

Entretanto o tempo passou e eu regressei a casa (nessa altura já tinha nível B2, ou só!, dependendo da perspetiva – a expectativa era de voltar com o nível C1, pelo menos…) e adivinha, parei de ter contacto com a língua inglesa!!! À medida que o tempo foi passando, fui-me esquecendo inevitavelmente de coisas que tinha aprendido. Seis anos mais tarde, tive um choque de realidade. Já não tinha nem o nível B2! Mas rapidamente recuperei quando me mudei para Inglaterra, onde moro até hoje.

O resto da história e outras experiências ficam para uma próxima edição, quem sabe… Mas não posso terminar sem dizer-te que:

1) cada um tem experiências únicas e isso facilita ou dificulta;

2) eu levei anos para me conseguir comunicar em inglês fluentemente e com confiança, não quer dizer que vá ser o teu caso;

3) achares que é difícil e não perceberes que os benefícios de falar inglês são MUITO maiores que as dificuldades é um erro que te pode custar muito caro (a mim custou);

4) limitares-te a esperar que surjam oportunidades que te ajudem e não teres o atrevimento de criar outras oportunidades, pode significar não teres oportunidade nenhuma;

5) não teres senso crítico para questionar a forma como estás a aprender e não teres curiosidade para aprender sempre mais e aquilo que talvez não te ensinem, pode atrasar e muito o teu progresso.

Parabéns e obrigada por teres lido até aqui. Vemo-nos na próxima edição.

Bye for now